Bacanal
São, estas vidas nossas, tortuosas.
Malgrado diminutas, passageiras,
Perfazem-nos um mundo vil de rosas,
Ébrio pela fragrância de terceiras.
Que é, pois, o vazio da existência,
Senão tal nauseabundo sentimento
Que nos dá a noite e, como penitência,
Consome-nos o dia, em tormento?
E como digerimo-lo de vez
Se essa solidão, que mui nos parte,
Mal se confina em nossa triste tez?
Vosso vinho, fazei da vossa arte;
O vosso bacanal, com a nudez;
Do vosso culto, vosso baluarte.
Lucas de Lazari Dranski
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